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sábado, 30 de março de 2013

Era feliz!



Era feliz!
Quando criança me apaixonei intensamente por uma menina que assim como eu devia ter seus oito anos. O engraçado é que aos oito anos quando se está apaixonado tudo parece exagerado. No fundo achava que morreria caso a garota não me desse uma chance e sempre que a via passava a mão no lado esquerdo da cabeça num sinal evidente de nervosismo.  Na naquela época vivia numa cidade pequena e ainda e logicamente por se desenvolver, morava numa casa pequena, feita de estacas de madeira e talos de folhas da palmeira Babaçu. A casa era revestida de barro e coberta de palha, também de Babaçu.
A rua era grande, e alguns metros, depois da minha casa, finalizava numa curva que dava pra um alagado de água suja. Brincávamos na rua de barro, meu irmão inspirado no beisebol americano, passou a chamar um jogo em que colocávamos uma lata de óleo de um lado, outra do outro, e quatros “jogadores” reversavam em um taque improvisado de acordo com regras pré-estabelecidas, de beisilata. Sim, pois nessa época não existia óleo comestível em embalagem pet, somente em lata. Dai, obviamente o nome beisilata. Era um mundo sem fim de amizade, companheirismo e diversão.
Nas férias íamos para um interior muito pequeno chamado Núcleo Oito. Lá moravam meus avós.  Brincávamos muito com castanha de caju, algumas vezes colocávamos um sabugo de milho enfiado na areia e tentávamos derrubar ou pelo menos acertar o alvo. Pela manhã, eu, meu irmão e meus primos, nos juntávamos aos nossos outros primos que já moravam nesse interior para acompanhar meu avô na busca do gado. Era bom demais tirar leite às seis horas da manhã, ainda quentinho das tetas que o bezerrinho estava louco pra mamar. As vacas em geral eram bem bravas, um simples descuido e poderia custar até a vida, mas valia apena curtir aquele momento, logo estaríamos de volta e ai só no outro ano.
Hoje lembro com saudade daquela época tão especial, tempos de criança e quando se é criança, tudo o que mais se espera é que o tempo passe velozmente para se alcançar a maioridade. Lembro quando apanhava - principalmente do meu pai – e pedia pro tempo passar depressa pra sair logo daquela vida, ou então quando pedia pra minha mãe me deixar ir pro rio e ela dizia não e eu chorava o dia inteiro e dizia só pra mim que fugiria pra sempre. Muitas vezes pedir pra Deus acelerar o tempo pra que ao completar dezoito anos eu pudesse logo de uma vez tomar conta da minha vida e não precisar dá satisfação a ninguém. Hoje, no entanto, pediria mil vezes a Deus pra que ele me levasse de volta pelo menos um dia àquele tempo tão especial em que fui tão feliz e por algum motivo não pude perceber!

Autor: João Carlos Spindola
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Águas Lindas GO, 29 de março de 2013.
12:08h Am



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