Um
dia
*
Um dia acreditei que
tudo se resolveria do meu jeito. Neste dia achava que tudo era fácil e certo.
Sorria para a vida como se sorrir das piadas de um palhaço, aquela piada que
nunca acaba e sempre a temos disponível para rir novamente. Cria no céu e no
inferno como se crer que tudo que os pais dizem fosse de fato verdade, e o mal
não me encontraria despercebido se fizesse uma oração antes de dormir.
Um dia pensei que
sonhos fossem o suficiente para manter alguém vivo, e o amor por menor que parecesse
não teria fim. Meus sonhos eram o suficiente pequenos para acordar no dia
seguinte e grandes o bastante para alcançar a próxima virada de ano. Sofrer não
fazia parte dos meus projetos, apenas me motivavam a sonhar menos em um dia e
mais em um ano.
Um dia conheci de perto
o ódio, a magoa e a frustração. Um dia percebi que nada se resolveria ao meu
jeito. Um dia vi que meus sonhos não eram o suficiente pequenos para acordar no
dia seguinte e grandes o bastante para alcançar a próxima virada de ano. Hoje
sei que tudo que vivi foi ilusório e passageiro e que a vida é muito mais do
que um sonho, um projeto ou mesmo um dia.
Um dia,
quando acordarmos de um sono incomum, e tudo que tivermos vivido aos nossos
olhos nada significar, teremos então chegado ao fim de nossas vidas sem nada
viver e sem nada ser. Viver é um instante muito pequeno e muito sombrio. Viver
é um momento cansativo e perigoso, mas constante e indefinido. Viver é um
caminho farto de oportunidades, é uma era de grandes realizações, é um sonho
calmo e perturbador, é o fim de uma estrada quando não se tem mais para onde
ir.
Águas Lindas – GO, 20 de fevereiro de
2012, 00:04
Autor:
João Carlos Spíndola
*Todos os
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