Taxista revelou em entrevista à rádio BandNews FM que já recebeu duas ligações intimidatórias e que recados foram dados por PMs para que ele não leve a denúncia adiante.
Por Patricia Teixeira, G1 Rio
Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/09/25/testemunha-do-caso-patricia-amieiro-pediu-seguranca-pessoal-ao-prestar-depoimento-ela-diz-ja-ter-recebido-ameacas.ghtml
A nova testemunha do caso da engenheira Patrícia Amieiro está sem proteção e segurança pessoal, mesmo após sofrer ameaças.
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou ao G1 que o taxista pediu segurança pessoal assim que prestou depoimento, na terça-feira (22), mas foi informado que isso não poderia ser disponibilizado pelo órgão.
/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2012/07/12/engenheira.jpeg)
Engenheira Patrícia Amieiro — Foto: Reprodução GloboNews/Arquivo
Ainda de acordo com o MPRJ, a testemunha falou sobre a necessidade de ter segurança pessoal, mas não expressou pedido de ingresso no Programa de Proteção à Testemunha e Vítimas Ameaçadas (Provita), que é diferente de ter o acompanhamento de segurança pessoal no dia a dia.
"O ingresso no programa é muito mais amplo do que acompanhamento com segurança pessoal. Implica em profunda mudança de vida, com deslocamento definitivo para outra unidade federativa e critérios a serem obedecidos. É preciso de fato o reconhecimento judicial como testemunha no processo para pedido de ingresso no Provita, o que depende de critérios a serem cumpridos por previsão legal. Como informado, o MPRJ já requereu a juntada no processo do depoimento para a tomada de providências", disse o Ministério Público, em nota.
O taxista revelou em entrevista à rádio BandNews FM nesta sexta (25) que já recebeu duas ligações intimidatórias e que os recados foram dados por policias militares para que ele não leve a denúncia adiante.
Ainda de acordo com o relato da testemunha, os avisos teriam sido dados através de ligações telefônicas, por intermédio de um agente conhecido, que seria amigo dos policiais militares acusados de terem cometido o crime.
Depoimento da nova testemunha
A testemunha disse em depoimento ao MPRJ, nesta terça-feira (22), que os policiais envolvidos na ação se mostraram desesperados ao perceber que se tratava de uma mulher dentro do carro.
No relato, ao qual o G1 teve acesso, a testemunha afirmou ter ouvido um dos policiais dizer: "Calma, a gente vai resolver", logo após retirarem Patrícia de dentro do veículo.
A engenheira Patrícia desapareceu no dia 14 de junho de 2008, aos 24 anos, quando seguia para sua casa, na Barra da Tijuca, voltando de uma festa no Morro da Urca. O carro em que ela estava foi abandonado na saída do Túnel do Joá com diversas marcas de tiros. Seu corpo nunca foi encontrado.
A testemunha enfatizou em seu depoimento que a vítima ainda se mexia e que viu sangue entre o nariz e a boca dela quando seu corpo foi retirado do carro pelos militares.
"O policial colocou as duas mãos na cabeça, expressando desespero. Os policiais que chegaram na viatura vinda de São Conrado passaram a acalmar os outros dois policiais que primeiro estavam no local, dizendo: 'Calma, que a gente vai resolver'", disse a testemunha.
O taxista disse ter presenciado tudo, desde os os barulhos dos tiros, a capotagem do carro até a ação dos policiais, que retiraram o corpo da engenheira do carro. Ele foi ouvido pela promotora Carmen Eliza Bastos, no Centro do Rio, e seu depoimento já foi anexado ao processo.
Silêncio por temer a própria vida
O taxista contou ainda que, passados dois dias do ocorrido, viu pela TV reportagem sobre o desaparecimento da engenheira, constatando ser falso o relato apresentado pelos policiais. Todavia, foi desencorajado pela famílias a contar o que viu.
"Por pressão familiar e muito medo pela sua vida e de seus familiares, resolveu não testemunhar sobre o que presenciou, muito embora seu silêncio tenha pesado em sua consciência", destacou.
Relembre o caso
Patrícia Amieiro desapareceu no dia 14 de junho de 2008, aos 24 anos, voltando de uma festa no Morro da Urca, na Zona Sul do Rio. Ela ia em direção à sua casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade. Na saída do Túnel do Joá, o carro da engenheira foi alvo de uma série de disparos de arma de fogo.
Os policiais Marcos Paulo e William Luís foram acusados de atirar após acharem que o carro era de um traficante.
Segundo a polícia, Patrícia perdeu o controle do veículo após os tiros e colidiu em dois postes e uma mureta. Na época, o carro foi encontrado na beira do Canal de Marapendi, na Barra da Tijuca, com o vidro traseiro quebrado e o porta-malas aberto.
Para a polícia e o Ministério Público, o corpo foi retirado do veículo e o carro jogado no canal pelos policiais para impedir que o homicídio fosse descoberto.
O que diz a Polícia Militar
A assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que os policiais envolvidos no caso em questão estão respondendo a Processo Administrativo Disciplinar, que podem resultar nas suas exclusões das fileiras da Corporação. Eles seguem realizando atividades administrativas em suas unidades.
A corporação ressaltou que os sargentos Paulo Nogueira Maranhão, William Luis do Nascimento e Márcio de Oliveira Santos foram promovidos de acordo com o decreto nº 7.766, que estabelece os critérios para a promoção de praças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário